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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Um caso de Polícia





 Um caso de Polícia

(Enigma de Julho)


     


Amanhece no café Mayfair. O brilho âmbar dos postes misturado com o violentos flash vermelhos e azuis das viaturas da polícia começam a desaparecer com o brilho alaranjado do sol que nasce.

A detective Catarina sai do café com um pequeno copo de plástico com café fumegante numa mão e um resumo dos indícios que recolheu no seu bloco na outra.

Encosta-se ao farol do seu Range Rover e começa a avaliar as provas.

Às 5h30m da manhã o corpo sem vida do Presidente da Junta, arquitecto Crispim, foi encontrado na câmara frigorífica do café, na cave.

Cerca das 6h o médico legista determinou que a temperatura central do corpo da vítima era de 29,4ºC.

Trinta minutos mais tarde, nova avaliação dessa temperatura revelou 28,9ºC enquanto o termostato dentro da câmara frigorífica marcava 10ºC.

Catarina sabe que a lei do arrefecimento de Newton impõe que a taxa de arrefecimento de um corpo é proporcional à diferença entre a temperatura T do corpo no instante t e a temperatura média ambiente Tm e rapidamente garatuja no seu bloco entre alguns pingos de café a equação

$\frac{dT}{dt}=k\,(T-{{T}_{m}}),\,\,\,\,\,\,t>0$

onde k é uma constante de proporcionalidade e t é medido em horas.

Para simplificar as “coisas” e como Catarina quer investigar o “passado” usando valores positivos de t , decide fazer corresponder ${{t}_{0}}$ com as 6h da manhã e assim, por exemplo t=4 é 2h.

Depois de um golo rápido no café que esfriava rapidamente e de alguns rabiscos no bloco de notas, Catarina percebe que, com esta convenção, a constante de proporcionalidade k deve ser positiva e anota na margem para si mesma que  6h30mn são então $t=-\frac{1}{2}$ .

Entretanto o amanhecer ainda fresco abre caminho para uma manhã quente de Verão e Catarina começa a sentir o suor a humedecer-lhe as costas enquanto pergunta a si própria:

- E se o corpo foi transferido para o frigorífico com a finalidade quer de o ocultar quer de alterar as condições de temperatura que poderão ser úteis à investigação? Como é que esta hipótese pode alterar o meu modelo?

Atira o resto frio de café para uma papeleira próxima e volta a entrar no café. Junto à caixa manchada de Ketchup um termómetro indica 21ºC.

A menina da caixa preocupada com aquela polícia que olha atentamente para a parede pergunta:

- Posso ajudar?

- Sim pode – responde a detective como que saindo de um sono letárgico – A climatização do café mantém-se ligada toda à noite?


- Sim, nunca é desligada, mantem praticamente constante a temperatura 24 horas por dia.


- Obrigado, nem sabe como isso me ajuda – responde a polícia e com os olhos postos no termómetro a pergunta que lhe surge no espírito é “Então quando é que o corpo terá sido movido para o frigorífico?

Deixa para mais tarde pensar nesse assunto e anota:   

h = nº de horas que o corpo esteve no frigorífico antes das 6h

por exemplo, se h = 6  o corpo foi movido à meia noite.

Enquanto observa a azáfama dos detectives no café, Catarina percebe que para construir um modelo da variação da temperatura ambiente a que o cadáver esteve submetido tem de recorrer á função “degrau unitário”  $u(t)$ e rabisca


Agora já com a blusa manchada de suor arranca no seu Range Rover com destino ao Pau de Canela para um pequeno almoço de mais café e ovos estrelados com bacon.

O ar condicionado do estabelecimento conspira com a humidade do seu suor para lhe provocar um arrepio que a lembra da tragédia da madrugada.

Enquanto espera o pequeno almoço volta ao seu bloco de notas e revê os seus cálculos. “Bendita rede wireless, a temperatura normal de um ser humano vivo é de aproximadamente 37ºC, e até posso calcular os logaritmos que preciso” pensa ela. “Bem me dizia o velho professor de análise que um dia ia usar estas coisas diferenciais”.

Pouco depois, enquanto come os seus ovos vai cogitando - “no modelo em que o corpo é transportado para o frigorífico não tenho dados suficientes para determinar k, mas se usar o mesmo valor do modelo anterior não devo ficar longe da resposta.”

Entretém-se durante alguns minutos a fazer contas e de seguida elabora uma tabela que relaciona o tempo de arrefecimento $h$ com a hora da morte.

Empurra então para longe o prato vazio e telefona à sua colega Ana que ficara encarregue dos primeiros contactos com os funcionários do Mayfair:

- Olá Ana, já se conhece algum suspeito do caso Mayfair desta manhã?

- Sim – responde a colega – Há três suspeitos. O primeiro é a ex-mulher da vítima, Yulia, uma ucraniana, dançarina no Casino. Segundo várias testemunhas foi vista no Mayfair entre as 17 e as 18h aos gritos com a vítima.

- E quando saiu ela?

- Uma das testemunhas afirmou que ela saiu apressada pouco depois das 6h. O outro suspeito é um jogador conhecido no Casino, Alex Costa. Cerca das 22h de ontem teve uma conversa em surdina com a vítima, ninguém ouviu a conversa mas pelos gestos percebia-se que o Sr Costa estava bastante aborrecido com o presidente da junta.

- E alguém o viu sair?

- Sim, saiu de mansinho pelas 23h. O terceiro suspeito é o cozinheiro do Mayfair.

- O cozinheiro? – espantou-se Catarina.

- Exactamente, o cozinheiro. Chamam-lhe João Pequeno. A rapariga que estava na caixa ouviu o arquitecto e o João Pequeno em grande discussão sobre a maneira correcta de apresentar uns escalopes de vitela. Diz ela que o cozinheiro ofereceu a si próprio uma pausa incomum e bastante longa pelas 22h30m. Saiu furioso quando o Mayfair fechou às 2h. Parece que foi por esse mesmo motivo que a cozinha estava uma grande confusão hoje de manhã.


Um sorriso apareceu na face de Catarina que retorquiu:


- Bom trabalho Ana, acho que já sei quem devo chamar para o interrogatório.

     _______________________________________________________________________



Qual foi a estimativa da Catarina para a hora da morte do arquitecto considerando que o corpo não foi transportado do exterior para o frigorífico?


Qual foi a hora da morte estimada pela Catarina para o caso do corpo ter sido transportado para o frigorífico algum tempo depois de morrer?


Afinal quem vai a Catarina chamar para interrogatório?








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